
sua vida dedicado alguns minutos que fossem à reflexão sobre esta que
é, sem dúvida, uma pergunta soberana: afinal, qual seria a fórmula para
alcançar a verdadeira felicidade –se é que isso de fato existe?
Ainda
que sem pretensões de elucidar a intrigante questão que –digamos–
poderia ser considerada como a cenoura a frente do cavalo que puxa a
carroça de nossa hesitante existência, Karl Pillemer, professor de
desenvolvimento humano da Cornell University, resolveu dedicar seu suor à
busca de aprendizados que tornassem nossa jornada por esse mundão um
tanto mais simples e agradável.
Seu novo livro, “30 Lessons for Living”, é uma compilação de mais de
1.000 entrevistas realizadas com idosos de diferentes níveis econômicos e
educacionais, destinadas ao objetivo de oferecer (a quem ainda resta
tempo para agir diferente) conselhos práticos baseados no que estes
fizeram de certo ou errado em suas vidas. A cobertura do estudo,
realizada pelo New York Times, inclui uma galeria
que reúne depoimentos em vídeo, onde é possível assistir aos idosos
destilando suas preciosas sabedorias. Para quem ficou curioso, aqui vai
um breve resumo:
O que os idosos dizem sobre:
Carreira – dentre os 1.000 entrevistados, nenhum (eu disse nenhum)
considerou que a felicidade estaria associada ao trabalho excessivo que
rendesse dinheiro suficiente para comprar o que quer que fosse. Segundo
um ex-atleta profissional de 83 anos, “o mais importante é ter um
emprego que constantemente te faça ficar ansioso para trabalhar no dia
seguinte”. Outra dica importante é resistir à armadilha de ascender
profissionalmente a partir de um cargo que, apesar de mais lucrativo, te
afaste de fazer o que você realmente ama.

satisfatório, destes que se estendem por toda uma vida, estaria
associado à capacidade que o casal desenvolve de contornar suas
dificuldades através do diálogo, bem como de saber ceder quando é
preciso. Apesar do envolvimento romântico ser o principal fator para
aproximar pessoas, o que as mantém juntas por muito tempo é, sobretudo, o
respeito mútuo e o sentimento de amizade.
paternidade – é preciso tomar cuidado para que as demandas do mundo
atual e os objetivos profissionais impactem negativamente a vida dos
pequenos. Aprenda a passar tempo com eles, dizem os idosos, fazendo o
que gostam, e não o que você julga ser o mais adequado. Esta seria a
receita para detectar possíveis problemas e disseminar valores sólidos.
Disciplina é importante, mas castigos físicos dificilmente geram
qualquer benefício.
Envelhecimento – “Ao invés de rechaçá-lo, o abrace. Envelhecer é
tanto uma atitude quanto um processo”, disse uma mulher de 80 anos. Um
conselho dos idosos abordados na pesquisa: “Não gaste sua juventude se
preocupando em tornar-se velho”. Para a maioria dos entrevistados, cada
década e cada idade trazem oportunidades inéditas, sendo que o mais
importante é manter-se aberto para contatos sociais e sempre estar
disposto a aprender algo novo. Sobre o tema, uma senhora de 92 anos
declarou: “acho que sou mais feliz agora do que em qualquer outro
momento da minha vida. Coisas que sempre me preocuparam deixaram de ser
importantes, ou se tornaram menos importantes”.
Arrependimentos – “Seja sempre honesto”, é o conselho dos idosos para
evitar remorsos dolorosos e duradouros. Tire proveito das oportunidades
e aceite todos os desafios que a vida puser em seu caminho. E viaje
sempre, o máximo que puder, sem deixar para fazê-lo apenas quando tiver
uma melhor condição financeira, filhos crescidos ou maior estabilidade
profissional. Na visão dos entrevistados, viajar é tão recompensante
que deveria ser priorizado em função das coisas em que os jovens
normalmente costumam preferir comprometer seus orçamentos. A dica é
fazer uma lista dos destinos dos sonhos e ir os riscando a medida em que
as viagens forem se concretizando.
Felicidade – quanto a este aspecto específico, talvez o mais
importante entre todos os pesquisados, a abordagem aos idosos
participantes do estudo apontou uma conclusão praticamente unânime,
sintetizada nas palavras de uma senhora de 75 anos: “você não tem
qualquer influência sobre as coisas que te acontecem ao longo da vida,
mas pode ter controle absoluto sobre a forma de reagir a elas”. Ser
feliz, portanto, seria uma escolha consciente.

Por: Bruno Medina em Instante Posterior
"A sabedoria pertence aos cabelos brancos, a longa vida confere a inteligência." Jó 12,12
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